Por Sandro Miranda
Ser Jornalista é saber persuadir,
seduzir. É hipnotizar informando e informar hipnotizando. É não ter medo de
nada nem de ninguém. É aventurar-se no desconhecido, sem saber direito que
caminho irá te levar. É desafiar o destino, zombar dos paradigmas e questionar
os dogmas. É confiar desconfiando, é ter um pé sempre atrás e a pulga atrás da
orelha. É abrir caminho sem pedir permissão, é desbravar mares nunca antes
navegados. É nunca esmorecer diante do primeiro não. Nem do segundo, nem do
terceiro... nem de nenhum. É saber a hora certa de abrir a boca, e também a
hora de ficar calado. É ter o dom da palavra e o dom do silêncio. É procurar
onde ninguém pensou, é pensar no que ninguém procurou. É transformar uma
simples caneta em uma arma letal. Ser jornalista não é desconhecer o perigo; é
fazer dele um componente a mais para alcançar o objetivo. É estar no Quarto
Poder, sabendo que ele pode ser mais importante do que todos os outros três
juntos.
Ser jornalista é enfrentar reis,
papas, presidentes, líderes, guerrilheiros, terroristas, e até outros
jornalistas. É não baixar a cabeça para cara feia, dedo em riste, ameaça de
morte. Aliás, ignorar o perigo de morte é a primeira coisa que um jornalista tem
que fazer. É um risco iminente, que pode surgir em infinitas situações. É o
despertar do ódio e da compaixão. É incendiar uma sociedade inteira, um planeta
inteiro. Jornalismo é profissão perigo. É coisa de doido, de maluco beleza. É
olhar para a linha tênue entre o bom senso e a loucura e ultrapassar os limites
sorrindo, sem pestanejar. É saber que entre um furo e outro de reportagem
haverá muitas coisas no caminho. Quanto mais chato melhor o jornalista.
Ser jornalista é ser meio metido a
besta mesmo. É ignorar solenemente todo e qualquer escrúpulo. É desnudar-se de
pudores. Ética? Sempre, desde que não atrapalhe. A única coisa realmente
importante é manter a dignidade. É ser petulante, é ser agressivo. É
fazer das tripas coração pra conseguir uma mísera declaraçãozinha. É apurar,
pesquisar, confrontar, cruzar dados. É perseguir as respostas implacavelmente.
É lidar com pressão, pressão de todos os lados. É saber que o inimigo de hoje
pode ser o aliado de amanhã. E a recíproca é verdadeira. É deixar sentimentos
de lado, botar o cérebro na frente do coração. É ser frio, calculista e de
preferência kamikaze. É matar um leão por dia, e ainda sair ileso. É ter o
sexto sentido mais apurado do que os outros, e saber que é ele quem vai te
tirar das enrascadas. Ou te colocar nelas.
Ser jornalista é ser meio ator, meio
médico, meio advogado, meio atleta, meio tudo. É até meio jornaleiro, às vezes.
Mas, acima de tudo, é orgulhar-se da profissão e saber que, de uma forma ou de
outra, todo mundo também gostaria de ser um pouquinho jornalista. Parabéns a
nós!