28/06/2009

A coisa mais importante

Certa vez, um rei muito amado por causa das suas virtudes
espirituais e morais, sentindo envelhecer, achou por bem decidir qual dos três filhos herdaria o trono. Tarefa difícil, porque os três eram dignos de
ocuparem o lugar do pai. A própria corte encontrava dificuldade em decidir
sobre isto porque temia cometer uma injustiça na escolha.
Os dias iam passando, até que certa manhã o rei chamou os filhos a
sua presença e lhes disse com toda seriedade:
-Estou cada vez mais encanecido e sem forças para continuar
reinando e desejo hoje determinar qual de vocês me sucederá. Para isso, vou
submete-los a uma prova, cujo resultado há de ser julgado com eqüidade pela
corte. Portanto, cada um saia agora levando consigo provisão para o dia,
devendo retornar ainda hoje após descobrir a coisa que considere mais
valiosa no reino. Aquele cuja descoberta for considerada maior e mais digna,
receberá a coroa e reinará sobre os meus domínios.
Assim saíram os príncipes, a procura da coisa mais valiosa. O mais
velho resolveu procurá-la na capital do reino, deduzindo que uma coisa
valiosa e importante só poderia estar lá. O segundo deles, entretanto,
dirigiu-se para os castelos vizinhos, pensando em seus amigos para ajudá-lo
a fazer a descoberta. Enquanto isto o caçula deles, despreocupadamente,
atravessou a cidade e se encaminhou para o campo, onde morava um garoto
amigo, que há pouco tempo perdera o pai e agora enfrentava sozinho a dura
peleja de lavrar a terra. Ninguém ali podia imaginar o que se passava na
mente e no coração do jovem príncipe. Foi um dia longo e trabalhoso para os
três irmãos, que ao anoitecer regressaram ao palácio, trazendo o resultado
de todo um dia de buscas.
Diante do pai e da corte ali reunida, o mais velho apresentou um
cofre de ouro cravejado de pedras preciosas, pertencente ao mais antigo
agiota do reino. O segundo, em seguida, entregou um pedaço de renda
finíssima; era a obra de uma princesa das imediações. Tudo ia sendo muito
bem avaliado pelos ministros da corte, mas restava ouvir o príncipe caçula.
- O que foi que você encontrou, filho? -- indagou o rei ao mais
jovem.
- Nada. Absolutamente nada, respondeu o caçula. -- Realmente eu nem
tive tempo para me ocupar nessa procura. Parei no campo do garoto órfão, que
sozinho preparava a terra para a semeadura, e o ajudei no desempenho dessa
tão árdua tarefa, porque sua mãe estava doente e a terra precisava estar
revolvida para receber os grãos de cereais.
Duas lágrimas se desprenderam dos seus olhos e manchas escuras
marcavam as suas mãos macias e que nunca antes experimentaram esse trabalho.
- Meu filho, você trouxe a coisa mais valiosa: as marcas de um
trabalho digno e desinteressado. A minha coroa e o meu reino são seus.
Receba-os!
Autor desconhecido

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