21/08/2009

Amores Possíveis

Andando mais atento do que nunca havia andado, hoje eu reparei em todas as pessoas. Procurando nos rostos repostas para as minhas dúvidas, porque se eu não tenho resposta, alguém deve ter.
Entrei na lotação e, sem reparar, sentei no único lugar em que era possível observar e ser observado por todos. Mas não me fixei em ninguém, até que vi você. Qual é mesmo seu nome? Não lembro, na verdade eu nem perguntei. Me fixei em você. Eu te olhava com a curiosidade de uma criança, com o receio de um adolescente e com a madura certeza de que havia encontrado a mulher da minha vida. Você, as vezes, retribuía meus olhares; somente alguns, mas todos você notava e gostava que eu sei.
Por um instante, meu olhar se desviou e quando voltei a te olhar, você
estava cochilando. Eu sei que você fez isso de propósito. Porque, se você não sabe, uma das mais belas coisas da vida é ver uma mulher dormir. De quando em quando você acordava de forma rápida, dava uma breve checada no percurso e cochilava novamente. Porque você estava tão cansada? Eu comecei a supor que, assim como o meu, o seu dia deveria ter sido cansativo. Aliás, todas as pessoas da lotação cochilavam, mas quem me interessava era você.

De repente você acordou, limpou os olhos e abraçou a mochila que estava no seu colo. Talvez aí você tenha mostrado um sinal de carência que eu já havia notado no seu olhar. E você me olhou, e por mais um instante eu tive mais certeza de que era você, a mulher da minha vida. Era como se só nós dois estivéssemos ali, naquela lotação que rodava SP, em mais um final de tarde.
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, você desceu e eu parti. Ainda fiquei te olhando uns 30 metros, mas você se foi mesmo. Amores possíveis existem de monte por aí, como eu e você. Situações propícias é que nos faltam.

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